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martedì 30 gennaio 2018

Relato da diarréia ao pé do Cerro Rico de Potosí

Não desce bem, ou entra por um ouvido e sai pelo outro, o Cerro Rico.
Não era para vocês, nem para vocês e nem para vocês, entenderam?
Levaram a prata e eu cago, rios e rios que carregam as bordas com eles.
Levaram mais prata. Eu cago outro rio, me seguro nas bordas
da montanha que é o centro do mundo sem centro.
Desço e subo a Chuquisaca, pelas calçadas estreitas
que não são revestidas de prata e nem de estanho;
de um lado o esgoto e o diesel dos carros funerários
e dos taxis e dos ônibus espirrando este chorume feito
da história do subterrâneo e de cima as goteiras frias
das chuvas que nunca estiam, princípio Potosí.
Nas minhas entranhas deve ter um número, um número de kilos de prata
ou de amortização de dívida, ou de reparação.
O número dá cólica. Me contorço e dou um berro
estrangeiro enquanto cruzo a praça,
cruzo a casa da moeda, cruzo a poça de lama
onde cagou o cachorro peludo branco que latia
quando os mineiros desceram a serra com tubas
e tubas brancas, com gordos copos e veias abertas.
Primeiro chego no mercado - bananas, onde estão as bananas?
O preço de banana: as bananas andam caras demais,
ninguém compra bananas em Potosí, me diz a Quechua.
Os minerais eles sustentam a terra, e longe dela eles
erodem tudo (envie de vrai cul).
Depois chego no Jacinto, nem sei como e conto que preciso de arroz.
Ele diz: até os que repartem a riqueza da Bolívia
deixaram as minas do Cerro à míngua.
Te faço um chá de camomila.

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