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lunedì 15 dicembre 2014

Revista das questões, lançada

Início do editorial da Revista das Questões, primeiro número.

Apresentamos com alegria o primeiro número da revista Das Questões. Ela é um efeito das nossas conversas sobre as tonalidades insuspeitas e subversivas no pensamento de Edmond Jabès. Com ele partilhamos o gosto pelas questões, partículas de hospitalidade, gatilhos de instabilidades. Quando uma questão perturba, o pensamento experimenta uma proliferação de começos. As questões sobrevivem nas respostas, mas como pensava Deleuze, elas sempre as transcendem. Assim, a demora nas questões nos levou a estes pontos de encontro que são também impasses: Filosofia Tradução Arte (sem hífens, nem vírgulas, nem espaço para respirações ou cesuras) . Era preciso por nossos pés na academia na largada do pensamento, e não mais na sua chegada. Era preciso acolher o pensamento indisciplinado, indisciplinarizado. Ocupado não com uma área, com uma linha, com uma língua ou com uma maneira de dizer – mas com as traduções, translações, entre elas.

A tradução é o lugar do meio onde alguma coisa é perdida, alguma coisa é recuperada, alguma coisa é ganha. É também diplomacia: um gesto das caras mas também uma coreografia improvisada de mãos, aquilo que escapa das mãos abertas, aquilo que fica preso entre pela força dos dedos. As traduções são sempre cheias de interstícios, mas porque elas mostram o incompleto do que já havia antes. Whitehead distingue entre o que precisa ser atenuado – que ele chama de aversion – e o que precisa ser enfatizado – que ele chama de adversion – para que a tradução entre a percepção física e o conceito possa ter lugar. Aversions e adversions são talvez ingredientes de toda tradução. É um balanço de intensidades. E as fronteiras são melhores quando elas balançam – e são permeáveis.

Como estamos ligados a dois grupos de investigação, o ANARCHAI e o Grupo de Estudos Blanchotianos e de Pensamento do Fora, a Revista se abre às produções destes grupos. O ANARCHAI pretende revirar o tema da proximidade e da distância entre ontologia e política, que muitas vezes é o espaço entre alguma coisa e nada de um lado, e alguém e ninguém do outro. O Grupo de Estudos Blanchotianos e de Pensamento do Fora se ocupa com o literário e o filosófico nas confluências que Blanchot e seu meandro insinuaram, e as pensa traduzindo. A Revista é uma sede para os temas destes grupos. Porém nosso intento é confabular uma comunidade mais ampla com quem não se apresse em parar de esticar, adensar e sacudir questões. Uma comunidade de quem faz questão do lapso, da deriva, da interferência presentes na experimentação quando ela arregala os ouvidos para captar o não-dito e o ainda-por-dizer.

Revista aqui.


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