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sabato 19 maggio 2012

Prece à Morte (Fernando Mendes Vianna)

A morte, prestativo urubu,
me porá, enfim, a nu,
limpará minha ossada.
A morte, urubu prestativo,
libertará meu cerne
da carne
-essa carcaça enfeitada.

A morte dará, enfim, à luz
meu carme
o mais vivo,
diáfano e não baço
- espremido de todo o pus
da carne

A morte dispensará os músculos
- nonada, nonada -
no alto mar sem pó, sem jaça,
- onde sou nau ancorada
num opúsculo.

Recomeço ou fim,
voarei nas entranhas do abutre
(como Jonas nadou dentro da baleia).
E cessará a ceia
insone, tresnoitada
da minha gula insonte
e esquartejada
entre o Mal e o Bem
entre a desgraça e a graça

Ah, o próprio abutre
que de mim se nutre
me nutrirá a mim!
E, assim, todo meu luto e minha luta
hei de ver que se transmutam
em pura mônada, eterna fonte. Sim.

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